terça-feira, 7 de agosto de 2012

Escolhendo ovos

É incrível como os ensinamentos hereditários nunca se esgotam. Coisas que aprendemos quando crianças com nossa mãe, avós, tias, vizinhas. E muitas vezes elas só vem fazer sentido de verdade muito tempo depois, quando já temos idade, maturidade e olho para entender. Não é bem "o" verdadeiro sentido, mas sim o sentido oculto por baixo de um ensinamento comum.

Lembro de quando eu ia à feira, quando pequena, acompanhar minha mãe ou alguma vizinha. Uma coisa que eu achava fabulosa, me deixava absolutamente encantada, era como elas sabiam escolher ovos.

O ovo é essencial na cozinha, é o próprio germe da vida, e portanto, um alimento muito usado na cozinha mágica. ( Perdoem-me os veganos!)
É ele quem emulsifica, liga, engrossa a receita. Usar ovos bem fresquinhos é muito importante.
Hoje em dia, vamos ao mercado, compramos a caixa, observamos a data de validade.

Devemos pensar em segurança em primeiro lugar:
Use ovos com data de validade.
A bactéria salmonela pode entrar nos ovos através de rachaduras na casca, portanto, compre apenas ovos com cascas limpas e perfeitas.
Lave as mãos antes e depois de pegar na casca dos ovos.
Os idosos, pessoas doentes, grávidas, bebês e crianças são mais vulneráveis aos riscos da salmonela. Eles devem evitar ovos crus e pratos que os contenham.
É importante cozinhar ou assar bem qualquer prato que leve ovos – o calor destrói a salmonela.

Como guardar ovos:
Coloque os ovos na geladeira logo que os comprar.
Conserve os ovos na caixa longe de alimentos com cheiro forte.
Guarde os ovos com a ponta para baixo para manter a gema centralizada.
Claras e gemas separadas ou ovos inteiros sem casca devem ser guardados na geladeira em recipientes hermeticamente fechados. As claras duram 1 semana, gemas e ovos inteiros até 2 dias.
Qualquer alimento que contenha ovos crus deve ser consimido em 2 dias.
Ovos duros que foram cozidos com casca duram até 1 semana.

Vida de bruxa urbana é fácil!!

Tem até aquela velha dica que podemos usar antes de usar ovos nas receitas, para saber se o ovo está mesmo fresquinho: (aquela do copo de água)


Porém, embora hoje em dia seja difícil manter o hábito de ir a feira toda semana, escolher com calma os produtos, optar pelos produtos orgânicos e tudo o mais, ( e acho até que tudo isso é falta de costume, perdemos esse hábito, mas com um pouquinho de boa vontade é possível sim arrumar tempo para um passeio semanal na feira!) eu nunca esqueço a magia das idas à feira quando era criança!

E esses dias lembrei da lição de como escolher ovos. Para mim era um grande mistério, afinal me pareciam todos iguais. Mas eu via as mulheres mais velhas pegarem um por um, olhar, virar, pesar na mão, cheirar, avaliar e escolher, esse sim, está fresquinho, esse não, esse tem pintinho... Eu perguntava, queria saber o segredo, como elas podiam saber?? Elas falavam de peso, de cor, de aspecto, mas no fim revelavam o segredo, que na época eu não podia compreender: é preciso ter olho. Occhio di strega.

E, quando você entende e consegue enxergar como uma strega, aí não são apenas os ovos que vc consegue decifrar. Passamos a ver tudo o que está por baixo das cascas.
Incluindo aí as pessoas. As pessoas as vezes tem lindas cascas, mas não estão frescas por dentro, suas almas não são puras. E aí, não servem prá receita da minha vida.

Acho engraçado como as pessoas sentem necessidade de ter um milhão de amigos, tem medo de ficarem sozinhas e não conseguem ficar em silêncio. Quem é assim, pode ter a casca mais bela, mas é oco por dentro.Que Ceres possa nos ensinar a escolher os melhores ingredientes para a nossa vida!!
 Grazie per insegnamenti e le lezioni, stregas de  mia vita! 


Um beijo com o avental todo sujo de ovo! ♥ :)



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Todo o azul do mar!

Sincronicidade e olhos (da mente) abertos é tudo nessa vida! Este fim de semana tive uma bela inspiração com a linda Deusa Afrodite.
Todos os dias, vou para o trabalho de trem. Eu gosto, apesar das agruras. Me sinto bem por não usar carro, por fazer minha parte na ajuda à conservação de Gaia e usar o transporte público. E é um momento de solidão. Às vezes tenho companhia, um amigo ou amiga que encontramos pela estrada da vida, mas geralmente vou só mesmo. E uso esse momento para fazer duas coisas que amo: ler e ouvir música.
Ontem, na volta para casa, li esse trecho do livro "As Núpcias de Cadmo e Harmonia", de Roberto Calasso, que me deixou inspirada:

"Houve quem escutasse um grito naquele momento. Mas o que significava aquele grito? Era apenas o terror de uma donzela raptada por um desconhecido? Ou foi um grito de reconhecimento irreversível?
Alguns poetas antigos insinuaram que Perséfone experimentou um "funesto desejo" de ser raptada, que se uniu com um "pacto de amor" ao Rei das Trevas, que se expôs sem peias ao contágio de Hades. Core viu a si mesma na pupila de Hades. Reconheceu no olho que observa a si mesmo o olho de um invisível outro.Reconheceu pertencer aquele outro. Superou naquele momento a fronteira que estava prestes a superar enquanto observava o narciso. Era o umbral do Elêusis."

Esse trecho trata do rapto de Perséfone por Hades. Às vezes podemos imaginar que um rapto jamais poderia causar prazer, mas o que vemos aqui é que Perséfone se reconheceu no olhar de Hades, e soube que pertencia a ele, assim como ele à ela. Linda história de amor, que nos fala dos amores que não são perfeitos, de novela. São amores improváveis, os mais comuns que temos na vida. Pois é, o cara não é um príncipe, não tem cavalo branco, não é rico, não é perfeito... mas é o seu amor! E é isso que importa!


Depois, mais tarde, nesse mesmo dia, fui à um show do Flávio Venturini, e tive um clique quando estava tocando esta música: (ouçam a letra com atenção;D)



Coisa mais linda!!! ♥
E o Mar tem tudo à ver, afinal foi das àguas do mar que emergiu Afrodite!



"Foi assim, como ver o mar
A primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar"


Assim sendo, ao se reconhecer nos olhos do outro, vemos Afrodite, e todo o azul do mar!! 

E peço à Divina Afrodite que continue nos abençoando com Amor, Sensualidade e Paixão, sempre, pois é isso que torna à nós, simples humanos, mais próximos do divino!


Beijos apaixonados!! ♥



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pelo dia do #BrasilComFlorestas







Amanhã, 17.07, é o Dia de mobilização pelas florestas! Sempre ouvimos tanto falar sobre a proteção das florestas, em todo lugar: na TV, na net, em revistas e jornais, na escola, em conversas informais.... Tornou-se mesmo uma espécie de 'clichê', é politicamente correto e bacana defender a preservação ambiental. Mas, como em tudo nesse mundo, temos um problema quando agente não se pergunta o porquê das coisas. Porque defender as florestas, mesmo? Temos que transcender o que ouvimos por aí, refletir sobre o que agente lê e formar uma opinião própria. Claro, isso é lógico. E, digo ainda mais, buscar o que há de essencial quando se fala das florestas.

O quanto a Floresta realmente importa para vc? O quanto ela faz parte da sua vida?

Para quem, como eu, é urbano, nasceu, foi criado e ainda vive - e depende - de uma cidade grande, ás vezes é um pouco abstrato pensar em 'florestas'. E, se vc ainda não acordou do ciclo de Maya, a grande plasmadora de ilusões, ou, se preferir algo mais "moderno", se vc ainda está alienado, dentro da roda viva do capitalismo, apenas consumindo e reproduzindo, então realmente a floresta deve estar longe de você.

Falamos em Amazônia e Mata Atlântica, mas quantas vezes por semana, por mês, vamos á floresta, á um bosque, apenas para sentar, ficar em silencio e ouvir?

O Chefe Seattle, em sua famosa carta ao presidente americano, em 1855 disse:

"Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro."

Vivemos nessa roda viva de trânsito, poluição, carros barulhentos. Há quanto tempo não vemos ou ouvimos uma cigarra, um sapo?


O Chefe indígena falou também sobre o ensino. Ensinar aos filhos o valor da Natureza, para que compreendam que vivemos em uma Teia, todos interligados. O que fazemos à Gaia, à Terra, ao planeta, estamos fazendo à nos mesmos. Parece tão óbvio, e, no entanto, tão difícil de compreender. Vivemos sobre o planeta Terra. Tudo o que comemos, respiramos, bebemos e usamos em nossas cadeias produtivas provém do planeta. Gaia é nosso substrato.


"Ensinai também a vossos filhos aquilo que ensinamos aos nossos: que a terra é nossa mãe. Dizei a eles que a respeitem, pois tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Seus homens cospem no chão, eles cospem sobre eles mesmos. Ao menos sabemos isto: a terra não é do homem; o homem pertence à terra. Todas as coisas são dependentes. Não foi o homem que teceu a teia de sua vida, ele não passa de um fio desta teia. Tudo o que ele fizer para esta teia, estará fazendo para si mesmo."


Bom, enfim, para não me perder em divagações... Para quem vive e estuda o Paganismo, e tem especial apego pelas vertentes xamânicas, existem 2 pilares na vivência e desenvolvimento espiritual:
A Natureza e a Ancestralidade.

A Natureza sempre foi companheira e mantenedora do Homem, desde a Antiguidade. Em uma perspectiva histórica, faz bem pouco tempo que o homem se dissociou dela, aqui no Ocidente, podemos colocar como marco (para tal tragédia) a Revolução Industrial. O homem, durante alguns milênios, viveu em harmonia com a Natureza, retirando dela os recursos que necessitava para viver e a louvando, agradecendo e honrando por isso.
As religiões primitivas louvavam as pedras e montanhas, os campos e florestas, os rios e oceanos.

Os celtas, por exemplo, tinham especial reverencia pelas arvores, nas quais viam um símbolo do Universo, onde as raízes das árvores habitam o solo, o conhecimento profundo da Terra. E o tronco une as raízes ao céu, trazendo este conhecimento à luz.







Ainda hoje, há muitas pessoas que vivem próximas ás florestas. Pensar no desenvolvimento das comunidades que vivem de extrativismo é importante. Pensar e ouví-los, principalmente. Pq nós cremos que nosso modo de vida é otimo e perfeiro, mas será que eles pensam assim tb? Será que eles querem a floresta no chão e rios poluídos, tão sujos quanto os nossos?

Bom, mil questões sobre tudo isso surgem em minha mente, e espero que surjam na de todos os que lerem isso também. Para mim, o papel de um educador - ou um aspirante de - nunca deve ser dar respostas prontas, mas sim incitar perguntas, dúvidas, questionamentos. Deixo aqui para vocês perguntas, e fico feliz em pensar que alguns irão atrás de respostas. Não respostas dadas, clichês, mas sim respostas verdadeiras, unicas, com essencia e significado pessoal.

E a pergunta de hoje é:

"Pq a Floresta é importante para você?"








Beijinhos verdes!

sábado, 9 de junho de 2012

Magia e Geografia

Eu sou estudante, faço graduação em Geografia. Uma disciplina polêmica, muito antiga, muito crítica e, devo dizer, essencial. A Geografia é sutil, porém ela está em tudo, o tempo todo. Nem todos conseguem perceber sua importância e influência, porém ela está aí, implícita em tudo.
Sou também bruxa, aprendiz, estudante, interessada, em busca. Um dos chavões que sempre se repete em Geografia é que, apartir da Revolução Industrial (Inglaterra, séc XVIII), as relações entre o Homem e a Natureza foram progressivamente se alterando, se alienando, até chegarmos a um ponto de separação total da Natureza, onde o Homem não se vê mais como um ser natural. (Ajudados ainda nesse ponto pela religião cristã, leiam lá no Gênesis como Deus 'dá'  ao Homem recém criado o 'domínio' sobre a Natureza). Isso especialmente no Ocidente, vamos esclarecer. Em outros lugares do mundo tivemos processos diferenciados, claro, afinal o mundo é uma bola gigantesca, às vezes é preciso ser um pouquinho reducionista, simplista para analisar alguns processos, mas sempre tendo em mente que estamos 'recortando', escolhendo alguns aspectos e que nossa análise não define nada, não encerra nenhuma verdade absoluta e nem explica tudo, pliiiiiis!

Bom, paradoxo à vista... ou não. Um geógrafo pode ser visto como um Homem que busca compreender como se dão as relações entre homem e natureza, e busca, talvez, resgatar novamente a conexão. ( Uma missão à se cumprir antes que o mundo acabe!). Um bruxo também pode ser descrito da mesma forma.

(O Geógrafo, de Vermeer, infos aqui)
Vejam só como o geógrafo olha atentamente pela janela... que pode ser uma janela real, concreta, ou a janela da alma...

Bom, uma coisa que vejo bem pouco nos livros e estudos de Bruxaria Natural é sobre os aspectos geográficos da Magia. Tenho pensado muito nisso ultimamente. Claro que sempre ouvimos falar sobre a Roda da Medicina, por exemplo, ou sobre qual elemento se relaciona a qual ponto cardeal e tal, mas isso é raso, é clichê. Tem mais, muito mais nesse balaio. Espero descobrir, 'escavar', encontrar grandes chaves e segredos nesse mágico caminho que é a Geografia.

Por enquanto, leiam só esse trecho de um post retirado do blog Temraig, um blog super bom sobre Reconstrucionismo Celta, que me deixou, mais uma vez, muito instigada à pensar sobre Magia e Geografia.

"Jane Webster[xi] nos fornece um dado interessante quanto à orientação dos espaços sagrados, afirmando que muitos locais de culto Celtas possuíam entradas voltadas para o leste e que Posidonius diz que os Keltoi reverenciavam seus deuses se voltando para a direita. Essas informações nos diz muito sobre a importância da orientação espacial e simbólica na questão ritual, revelando que a natureza física dos locais de foco ritual eram parte das condições de escolha e construção dos espaços sagrados, mas questões muito mais sutis, relacionadas a referências solares e posicionais e a própria especificação dos locais como propícios à orientação, também deviam ser levadas em conta no estabelecimento de um local de culto." ;)

And that's it's me, looking for... ♥

Baci per tutti!!
          

terça-feira, 5 de junho de 2012

sábado, 2 de junho de 2012

Arcanos Maiores e as Virtudes

Não sei se com vocês foi assim também, mas quando comecei à estudar e me aproximar do tarot, primeiro procurei criar intimidade com os Arcano Maiores, e só depois (bastante tempo depois, aliás) comecei à me aventurar pelos Menores. Acho que é uma forma natural, afinal, os Maiores são em menor número ( 22 cartas, e os menores são 56), o que facilita o entendimento à princípio. Depois, com o tempo e a intimidade, fui aprendendo à lidar com os Menores, fiz cursos, li bastante... E eles são maravilhosos, pq abrem um leque infinito de possibilidades nas leituras e meditações, pois representam muitas nuances da vida humana... e, junto com os Maiores, temos um infinito número de combinações que pode dar conta de praticamente todos os aspectos e situações de nossa vida, comum, cotidiana e também espiritual.

Porém, venho sentindo que, às vezes, quando a vida comum, cotidiana, está boa, tranquila, sem muitos problemas que 'suguem' a atenção, a meditação só com os Arcanos Maiores é muito válida, pois eles se referem aos grandes Arquétipos e as grandes Virtudes do Homem ( ai, que medo... não sou psicóloga nem filósofa, e não quero me apropriar erroneamente de termos técnico científicos, mas enfim, acho que deu para entender o que eu quis dizer... #assim espero!).

E quando o cotidiano permite que o pensamento se eleve... podemos nos aproximar dos grandes pensadores, Platão, Sócrates, Aristóteles, Kant, Hegel... E as Virtudes, das quais fala Platão, estão representadas no tarô.
Força, Temperança, Justiça... e Prudência (seria esta ultima o Enforcado? ou o Eremita?).
Enfim, agradeço aos Deuses por ter um respiro, por poder 'gastar' meu tempo, pensando nas palavras e olhando as imagens que os Grandes Mestres Antigos nos legaram....

sábado, 26 de maio de 2012

"Entheós", cheios de Deus



Qual a origem da palavra 'entusiasmo'?

Segundo o livro "Palavras e origens":

'em grego, enthousiasmos significa "possessão divina". Os antigos gregos assim chamavam o estado de ânimo do sacerdote durante seu contato com a divindade. Inspirado pelo poder do alto, o homem se sente invadido pela força sobrenatural.

O entusiasmo consiste, portanto, em abrigar um deus dentro de si. O termo grego é composto por en ("dentro") + theos ("deus"), mais a terminação "asmos", presente em outras palavras como "marasmo" e "pleonasmo".

O estado de exaltação do poeta ou do artista em seus momentos de intensa criatividade, seu arrebatamento, paixão e ardor também são fruto, segundo uma visão aberta ao transcendente, desse contato com o divino. '

Acho isso muito lindo e também muito sério... banalizamos as palavras e, aos poucos, elas se afastam de seus sentidos originais... Não é, portanto, qualquer alegria, realização ou motivação que pode ser expressa pela palavra 'entusiasmo'. Ela deve ser reservada, como algo sagrado, para aqueles momentos de arrebatamento divino. ;)
Lembrem-se sempre: as palavras ditas tem poder, e saber usar o dom das palavras (Ajudem-nos, Apollo e Mercúrio!) é uma grande magia.

Beijinhos á todos!